A voz das Arquibancadas

18/08/2014 09:02

Por Oliveira Domingos

 

 

Eu já estou batendo nos quase trinta e quatro anos de rádio, e gosto de fazer campanha. Quase sempre estou num palanque, puxando comícios, fazendo passeatas e por aí vai. Na primeira campanha do então empresário Tasso Jereissati, me deram a responsabilidade de ser o seu repórter na região. Era mais ou menos assim, se ele fosse para Frecheirinha eu tinha de estar lá. Se o comício seguinte fosse em Tianguá, depois das perguntas que eu fazia , que em geral eram três organizadas pela coordenação, eu tinha que me destinar ao município seguinte e assim foi. Na época eu chamava em cadeia, se esta minha trôpega memória não me falhar as rádios Educadora, Caiçara, Regional de Sobral, Pioneira de Forquilha, Difusora de Acaraú, União de Camocim, Santana de Tianguá, Tabajara de São Benedito e mais algumas emissoras de rádio FM. Era minha a responsabilidade como homem de rádio de fazer o “galeguim” ser conhecido nesta banda do estado. Era uma festa.

E aí, com três meses de convivência pela zona norte, em alguns momentos ele safenado, dizia: “meu repórter deixe eu tomar um folegozim depois você faz o seu trabalho”, e assim eu procedia. Dei meu pequeno contributo para que o Ceará virasse uma página da sua história, e começasse um novo momento, hoje reconhecido com um tempo de mudanças, alias era esta a chamada do primeiro governo de Tasso, “o governo das mudanças”. Tasso foi um governador austero, organizou o estado do Ceará, fez o cearense recuperar a autoestima, e os “cabeças chatas” não esqueceram disso. Fizeram-lhe senador da república. Cometeram a injustiça de não elegê-lo como senador dos cearenses, em um segundo momento. O tempo passou e o cearense acordou. Tasso foi traído, plantou o pé de cá te espera, a hora do troco ia chegar, ou está chegando.

Convidado para ser candidato ao senado mais uma vez numa composição de puros opositores a seus antigos “amigos”, apareceu na pesquisa O POVO/DATAFOLHA com 53% das intenções de voto dos cearenses contra 18% de Mauro Filho, seu principal opositor. Está parecendo filme reprisado, pois na eleição passada, Eunício Oliveira candidato ao senado pelo PMDB, tirou mais votos que o governador Cid Gomes, eleito pelo PSB governador do estado. As duas pesquisas realizadas, tanto pelo IBOPE, quanto pelo DATAFOLHA, estão atestando uma verdade que foi cantada nas arquibancadas do Castelão tão logo Tasso se decidiu pela candidatura. O Brasil vencera Camarões por 3 a 1. Da arquibancada do nosso maior estádio veio o famoso bordão: “Ô o campeão voltou! O Campeão voltou! O campeão voltou ô!”.  Só que o cearense criativo que só modificou o ensaio e gritou: “Ô o galeguim voltou! O galeguim voltou!”.  Era um aviso. Um aviso vindo das arquibancadas, e a voz das arquibancadas tem de ser respeitada. As pesquisas estão atestando isso.

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